Morfina
Já são quase quatro da tarde no monitor.
O dia está pegando seu trem de partida
E eu conto com um minuto a mais
Para tentar aliviar essa dor.
São dias e noites e dias que se confundem.
Palavras que machucam, murros que confortam
No desespero da hora que não passa nunca,
Encobrindo o grito com uma música de fundo
Que hoje, de repente, perdeu o significado.
E na intenção de rimar as palavras
Encontro-me perdida na vastidão de conteúdos.
Tantos são que eu talvez não saiba mais usar,
Apenas prostituir letra a letra para aliviar o desespero
Que outrora, disseram, era passageiro.
Tudo parece perdido - talvez realmente esteja -
Mas não quero ver, não quero sentir, não quero saber.
Possam as palavras ser outra vez a morfina
Que procuro para aliviar a dor da alma
Para matar no corpo, pouco a pouco
Tudo o que a mente não quer aceitar...
... e ainda não são quatro da tarde.
Comentários
Postar um comentário