Obrigada pela visita! Thank you for your visit!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Deixe-me só

Solte minha mão, solte agora!

Não é como se fosse a primeira vez

Não estás fazendo nada que ninguém nunca fez

outrora.


Deixe-me, quero ir embora!

Não é mera insensatez

Não costumo agir por estupidez.

FORA!


Aqui dentro não cabem mais sentimentos

Esperanças perdidas em vagos lamentos

Decerto um dia fizeram-me de tola

Tolice que me ensinou, a duras penas, nesta vida

Que a solidão é - e sempre será - minha única e verdadeira amiga.


~Tany~17/01/2022


Gota de chuva


    Hoje, enquanto caminhava, a chuva começou a cair. Não veio leve, branda como de costume. Chegou intensa, repentina, pesada, batendo forte contra minha pele sem aviso prévio, mas isso estranhamente não me incomodou. Não acelerei o passo, como naturalmente deveria ter feito. Decidi sem muita reflexão continuar meu percurso na mesma velocidade que o faria em um dia ensolarado.
    A pancada de cada enorme gota contra meu rosto, meus cabelos que rapidamente se encharcaram e minhas roupas já pesadas pareciam oferecer-me um alívio momentâneo para a imensurável dor que carregava no peito.  É como se meu corpo em contato com a água gelada da chuva torrencial que caía achasse uma desculpa para desviar a atenção do coração despedaçado por sentimentos e, por instantes quase que imperceptíveis, senti a dor amenizar. No entanto, mal sabia eu que bastariam alguns passos para ser inundada pela angústia novamente. E ela veio forte, sorrateira, enchendo meus olhos de lágrimas que não pude evitar que rolassem em meio às gotas frias que já escorriam pelo meu rosto. Elas eram muitas, carregadas, como um dilúvio interno que resolvera se misturar à água que vinha dos céus.     Assim como a chuva, todas as lágrimas fingiam anestesiar a dor por um instante, só para que em seguida toda a razão do meu pesar voltasse ainda mais intensa e corroesse meu peito feito ácido na carne.
    Lembrei então que dizem que a chuva "lava a alma" e que as lágrimas "colocam a tristeza para fora". Mera bobagem, discurso velado. Naquele momento ambas me sufocavam dentro do meu próprio corpo até que eu desejasse ser matéria líquida para poder me misturar a elas e escorrer sem destino para não mais sofrer.
    Comecei a pensar, no meio deste turbilhão de sentimentos, que não pode haver senso comum para a dor. Ela é diferente por dentro e por fora de cada um e só a conhece verdadeiramente quem a sente. Seria a dor a manifestação crua e desnuda da solidão?
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...