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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sem Título de 29/05/2013

Eles sentaram-se à beira daquele antigo restaurante, buscando abrigo da chuva que havia aumentado significativamente nos últimos minutos. Haviam andado bastante e, mesmo tomando os cuidados que podiam, suas roupas estavam ligeiramente molhadas. Os cabelos dela escorriam água, colados em seu rosto, totalmente encharcados, enquanto apenas algumas gotículas haviam conseguido respingar os cabelos dele, que pendiam sobre sua testa com os sopros leves do vento que insistia em preencher aquela madrugada.
Colocaram seus guarda-chuvas no chão no intuito de que secassem um pouco e continuaram a conversar sabe-se lá sobre o que, pois ela fora totalmente absorvida pela chuva que caía em sua frente.  Ela puxou-o pela jaqueta de couro que ele vestia e fê-lo olhar pelo mesmo ângulo que ela via: as telhas do coberto onde estavam pingando freneticamente toda aquela água, que também corria pelos vãos entre a rua e a calçada em grande volume, ao mesmo tempo em que caía majestosamente, transpassando a luz âmbar do poste de iluminação na esquina em frente.
Ele começou a divagar sobre a jornada daquela água, pensando em quantos milênios e galáxias ela já tinha atravessado para estar ali agora, na sua frente. Começou a decompô-la desde sua magnificente e longa existência até seus mais simples átomos químicos, descrevendo-a da forma mais incrível que ela já tinha ouvido. Enquanto isso, ela apenas admirava a beleza daquele fenômeno natural que tanto a encantava, enxergando aquelas gotas que caíam insistentes com as lentes da arte que carregava naturalmente em seus olhos.
Ela atentava para os diversos sons que aquela cadência de água produzia ao tocar variados materiais. Um barulho mais violento quando se chocava contra a placa de metal da padaria em frente ao restaurante e a suavidade com que batia no chão já tão molhado, aumentando a umidade do ar gelado. O cheiro daquela madrugada molhada, o vento frio cortando por entre a chuva e tocando-lhes a face, tudo incomodamente perfeito!
O êxtase em que se encontravam foi quebrado por ele, dizendo que a chuva estava diminuindo. De fato, ela olhou em direção à luz onde podia ver melhor o fluxo com que a água se precipitava, e teve que concordar com as palavras dele.
Melhor pegarem seus guarda-chuvas e partirem, o espetáculo havia se encerrado e o propósito de estarem ali também. A natureza havia se envergonhado de ter sido observada em sua mais íntima pureza...



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